terça-feira, 4 de abril de 2017

Soltar o poder e confiar na vida


Escrevi em 2014 sobre o empoderamento como um dos passos no processo de autorrealização e crescimento espiritual e agora escrevo sobre um novo passo que pode parecer contraditório: soltar o poder. É isso mesmo, em alguns momentos o passo pode ser o de empoderar-se, já que muitas vezes nos vemos como vítimas da vida e das circunstâncias, como "uma casca de noz boiando no oceano" (pw 001), e essa é uma das nossas maiores cegueiras. A ideia de vítima nos impede de reconhecer que há uma relação entre o que experimentamos no momento (efeito/consequência) de alguma ação posta em curso anteriormente (causa) e que não nos damos conta, pela distância entre elas (tempo). Mas muitas vezes o momento é outro, completamente diverso!





Pessoas que estão há muito tempo na caminhada de retorno ao cerne da Vida, a Deus, ao Eu Superior, a Cristo, muitas vezes, gastam muito tempo na roda viva da vontade pessoal, sem percepção de que foram fisgadas novamente. Sim, fisgadas pela própria mente, que funciona de forma mais astuta, já que a personalidade está dando passos no conhecimento de si mesma. O ego/mente mais fortalecido pelo conhecimento passa a justificar suas novas formas de defesa, dentro do próprio caminho, com novas linguagens e formas de expressão para se manter na direção, no controle do jogo. Então, o Observador ativo e atento sabe que é preciso soltar. Soltar o poder e confiar na vida, é a tarefa real do ego/mente. Confiar na Ordem que rege o universo e de onde provem a verdadeira força vital, o Poder da Graça, a força que une tempo/espaço e dissolve as polaridades.








E como é viver a partir dessa verdade? Como é estar no aqui e agora, permitindo-se estar conectado, em verdade e ainda assim dando conta da vida no dia a dia? Às vezes nos parece que essa experiência só é possível em retiros espirituais. Às vezes parece que só mestres espirituais, monges, iogues é que podem viver essa verdade ou devotos em seus ambientes de adoração. Não sei responder a essas perguntas, no entanto observo que mais seres estão dispostos a se abrir para o novo, enquanto outros se apegam ainda mais à materialidade transitória da vida, temendo as transformações que estão em curso. Acredito na vida e em sua dinâmica, no seu aspecto Absoluto e em sua transitoriedade. Partilho com vocês um trecho da palestra do Pathwork pw 086 para reflexão:







"Os diversos aspectos que discutimos com relação à auto-imagem idealizada são tentativas inconscientes de lidar com a vida. Como são soluções errôneas, elas precisam ser rígidas. Quanto mais se percebe que essa "solução", de fato não funciona, maior é o impulso de fazê-la funcionar. Isso provoca a rigidez. O crescimento, o desenvolvimento, a maturidade e a cura das forças da alma distorcida residem na eliminação da pseudo-solução e sua substituição pela verdade que é sempre flexível e não conhece regras. Somente isso reconhece a verdadeira segurança, embora a personalidade ao percorrer esse processo, sinta aguda insegurança e ansiedade no momento em que precisa abrir mão das pseudo-soluções." (pw 086)









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