quarta-feira, 14 de maio de 2014

Reivindicando minha parte do tesouro - 1

Morava numa casinha, numa rua estreita de um bairro pequeno, numa cidadezinha de um país chamado Brasil. Um dia decidi que não queria me contentar com pouco. Comecei a procurar um tesouro que ouvi dizer existir para todos. Eram muitas histórias. Algumas diziam que o tesouro era uma lenda criada para que a gente continuasse feliz naquela vidinha, acreditando na utopia de uma busca sem fim. Outros diziam que o tesouro estava disponível apenas para os fortes. Outros não acreditavam nem em tesouro, nem em lendas. Outros achavam que a existência do tesouro era real em outros lugares, não ali. E eu, não sabia em qual das histórias acreditar. Só sabia que do jeito que estava, não era bom para mim. E se existia um tesouro eu estava decidida a encontrá-lo e tomar posse da parte que me cabia. Mas então, por onde começar?




Parece estranho, mas o fato de ter tomado essa decisão, parecia já conter ali também algum direcionamento, pois novas circunstâncias acontecerem para me mostrar possíveis caminhos. Numa manhã de primavera, enquanto caminhava no jardim de um querido amigo, sua irmã, começou a falar do quanto estava intrigada com uma nova leitura a respeito de uma jornada interior. Eu não sei explicar o que aconteceu, mas eu tive certeza que ali estava o início da minha busca.





O ponto de partida. O Eu. Percebi que a vida que eu conhecia naquela cidadezinha havia determinado quem eu era, ou melhor quem eu pensava que era. Percebi que muito do que eu queria ser estava de acordo com o que meus conterrâneos, amigos, familiares e outros entes, queriam que eu fosse. Como eu poderia pertencer àquele lugar se eu não falasse a mesma língua, não compartilhasse os mesmos interesses, crenças e pensamentos?! Uma prisão! Estava prisioneira em minha própria casa. Estava fraca e muito pobre. E a história do tesouro? Comecei a entender os que desacreditavam do tesouro. Não só os entendi, me identifiquei com eles. Esmoreci.





Entrei em casa e me recolhi ao meu quarto, deixando apenas uma fresta da janela aberta. Uma lufada de ar entrou pela fresta. Respirei o ar fresco. Como era bom respirar aquele frescor. O toque em minha pele, o cheiro que ele trazia, como estava bom respirar. Meu corpo foi saindo daquele torpor. A consciência expandindo a circulação do ar dentro das minhas células. Lembrei que eu não era a pobreza, nem o desânimo. Eu era mais que isso. Eu estava pobre e desanimada, mas eu era quem queria mais da vida. E junto com o ar que saia, eu também deixava ir o que não me alimentava, o que não me servia, o que era excesso dentro de mim. Que alívio! Sem que eu me desse conta, a jornada havia começado. Qual seria o meu próximo passo?


Imagens capturadas no google













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